Hipnose Ericksoniana


Além da hipnose clássica, temos a hipnose Ericksoniana. Não se pode falar nesta forma de atuação terapêutica sem antes falar do próprio Dr. Milton Erickson.

Considerado o pai da hipnose moderna, Dr. Erickson fundou a Sociedade Americana de Hipnose Clínica e publicou o “American Journal Of Clinical Hypnosis“. Ensinou muitos profissionais da área de saúde e foi co-autor de vários livros além de publicar vários artigos sobre hipnoterapia.

A sua forma de atuação era bem diferente da hipnose tradicional. Enquanto nesta o terapeuta atua sugestionando um sujeito passivo, na hipnose Ericksoniana, ao contrário, o terapeuta tem a posição de criar expectativas no sujeito através da utilização das características ou da problemática do mesmo.

A ideia inicial é de que cada pessoa tem dentro de si recursos próprios. O trabalho do hipnoterapeuta está em reavivar as memórias esquecidas assim como os próprios poderes esquecidos para dar solução ao problema. Desta forma, o individuo poderá envolver-se em uma experiência de mudança.

Cumpre ressaltar que todo transe nada mais é do que auto-transe hipnótico.

Este estado comum de estar “focado para dentro” é da natureza do ser humano. Alguns exemplos simples que esclarecem o que quero dizer são o de quando estamos lendo um livro ou mesmo ouvindo uma música ou até esperando “o farol tornar-se verde” e então nos damos conta de que estávamos em “outro lugar”, ou seja, o foco de nossa atenção estava fora do ambiente onde estávamos. Então onde estávamos? Focados em um outro momento ou em um outro lugar. Esta é uma condição normal do ser humano!

É desta natureza que Erickson lança mão. Em um primeiro momento, levanta-se o diagnostico terapêutico. Este diagnóstico inclui na sua investigação a linguagem do cliente, onde e como ele vive, como cria o seu problema e como passa por ele, qual é o seu sistema sensorial e quais os recursos que já lançou mão para solucionar o problema, se ele é extrovertido ou introvertido, como ele se comunica, quais são suas crenças, atitudes, comportamento e humor.

Feito o diagnóstico, dentro da utilização dos dados, estabelece-se o transe hipnótico através da absorção. Absorver é o primeiro passo do processo da indução. É através da absorção que surge a cooperação para que se possa dar os passos seguintes.

Na absorção pode-se usar a linguagem hipnótica, afirmações (truísmos), pressuposições, afirmações dissociativas. Pode-se absorver também através do relaxamento de uma sensação, uma percepção, uma fantasia, uma memória, uma metáfora, uma relação ideomotora ou de outras formas.

Dentro da absorção ratifica-se o transe para em seguida fazer a intervenção. Na ratificação utiliza-se os sinais naturais do transe hipnótico, a forma de engolir, a cabeça se mantendo equilibrada, o bocejo, a sensação de relaxamento, as mudanças do globo ocular aprofundando-se ainda mais o transe.

O próximo passo é a intervenção, que é criada pelo terapeuta para atingir a meta. Segundo J. Zeigh, Presidente da The Milton H. Erickson Foundation Inc. Phoenix, Arizona, USA, é a forma de “embrulhar o presente”, ou seja, o que queremos comunicar, o que vamos trabalhar e o que queremos atingir. Então escolhemos a técnica focada no objetivo e nas características do cliente.

Cada cliente é um individuo em particular e de acordo com o diagnóstico decidimos “como” comunicar o objetivo, como favorecer uma experiência interna significativa para dar solução ao problema.

Dr. Erickson trabalhava, dentre outras formas, com sugestões diretas, metáforas, confusão, reformulação, prescrição de sintomas e respostas ideomotoras.

A intervenção terapêutica trabalha a comunicação corpo-mente. O cérebro humano trabalha como transdutor de informações numa interação psicobiológica. Trata-se de um processo onde todo sistema genético-celular está envolvido.

Ernest L. Rossi. Ph.D explica as novas teorias sobre cura e hipnose na comunicação mente-corpo através de seu livro “A Psicobiologia de cura mente e corpo – Novos conceitos de hipnose terapêutica”.

Na intervenção deverão surgir os fenômenos de recordação geralmente associados à pensamentos, sensações e emoções vividas. A partir da recapitulação do ”drama”, um novo significado começa a tomar forma.

A hipnoterapia tem sido utilizada para tratamento de doenças psicossomáticas, nas depressões, nos estados fóbicos, nos traumas, na recuperação de fatos esquecidos, nas sensações de dualidades, nas transformações de fatos negativos em positivos, etc.

Ratifica-se a mudança. Pode-se dar ao individuo uma experiência interna onde perceba a si mesmo com recursos novos, no futuro.

Finalmente promove-se a saída do transe, integrando-se o individuo no agora.

Entrar em contato como o problema e experenciá-lo é dar a si mesmo a oportunidade da transformação; é acender a luz em um quarto escuro.

A mente só quer entender e, a partir do entendimento, ir em busca das novas possibilidades para seu conforto interior e felicidade.

Em resumo, a rapidez da indução está na absorção e a absorção está na utilização de quem é o seu cliente. O tratamento através da hipnoterapia está em saber o que o se quer atingir; o que o cliente precisa e qual a meta a ser atingida pelo terapeuta, mesmo que dividida em vários encontros terapêuticos.

Mirza de San José

Induções