Cuidando do SEU
Jardim Interno

Você já ouviu falar em agricultura biodinâmica?
É uma espécie de agricultura cujo objetivo principal é transformar a fazenda ou o sítio em um equilibrado organismo, que a partir de si mesmo torne-se capaz de produzir a sua renovação. Modo diametralmente oposto de como passamos a produzir após a industrialização, com um manejo focado na monocultura e na criação dos animais em massa retirados do seu meio ambiente.

Na agricultura biodinâmica cuida-se da fertilidade do solo, do crescimento das plantas e do crescimento dos animais como relações inter-dependentes. Nesta adubar significa vivificar o solo e não simplesmente fornecer os nutrientes necessários para as plantas. Deixa-se de utilizar pesticidas sintéticos, hormônios de crescimento, herbicidas, etc. É estabelecida uma relação ética com o meio ambiente.

Podemos salientar como características os seguintes aspectos: a ração para os animais é produzida no próprio sítio; há o respeito aos pastos, à plantação das frutas, dos vegetais, à existência das florestas, dos mananciais, entre outros. Por consequência, há um inequívoco equilíbrio no organismo agrícola que transborda em uma fertilidade permanente e na saúde do solo, das plantas, dos animais e de nós, seres humanos.

O olhar atento e cuidadoso do agricultor torna-o permanentemente responsável por manter o equilíbrio daquele sistema como um todo, não como um pesquisador testando hipóteses teóricas, mas como um ser vivente em harmonia com aquele microcosmo.

E como seria se pautássemos a nossa existência em algo similar ao que a Agricultura Biodinâmica busca na natureza, uma vez que nós somos absolutamente parecidos?
Seria possível buscarmos o equilíbrio do nosso microcosmo com o mundo externo? Como poderíamos tornar o nosso organismo equilibrado?

A nossa saúde e equilíbrio emocional dependem da variabilidade das experiências que temos durante as nossas vidas, da forma como encaramos esses desafios e aprendemos com eles. Quanto mais experiências, maior o nosso repertório de respostas, mais nos fortalecemos emocionalmente, e conseguimos mantermo-nos em constante renovação através da troca com o meio externo.

Se, ao revés, deixamos de respeitar o ambiente “fora”, podemos causar o desequilíbrio em nosso Jardim Interno. Se restringimos as nossas experiências de vida, tolerando e buscando apenas aquelas que nos trazem extremo prazer e satisfação, é como se buscássemos em nosso Jardim Interno a monocultura , o que a longo prazo pode causar a desnutrição do nosso solo emocional e a nossa conseqüente desvitalização.

Entretanto, quando focamos demais no ambiente externo, nos modismos, no que a maioria das pessoas está fazendo ou pensando é como se interrompêssemos o fluxo de um rio em nosso Jardim Interno, deixando de aproveitar os benefícios que esse rio poderia trazer para meu equilíbrio. Para obtermos o nosso estado de harmonia mais favorável, não podemos nos desenvolver como se fôssemos animais em massa. Fazendo e reagindo como a maioria faz.
Quanto mais nos conhecemos, temos maior facilidade em vivificar o solo do nosso Jardim Interno trazendo uma fertilidade permanente em nossa psique. O que observamos em nosso dia a dia é que as pessoas que cuidam de si mesmas sem desviar o olhar do equilíbrio externo conseguem ter uma vida mais leve e harmoniosa.

Nós somos os agricultores do nosso Jardim Interno e a responsabilidade por descobrir o que nos faz bem ou não, cabe apenas a nós mesmos, não adiantando imputar essa responsabilidade ao outro, seja ele quem for, nem mesmo dizer que não o faz porque o outro não te deixa, porque você não tem tempo ou porque não sabe por onde começar.

Você é quem vai escolher quais os tipos de notícias, estudos, relações, trabalho te fazem bem ou não. Isso não está estatuído de maneira estanque a todos, pois o que faz bem a um não necessariamente faz ao outro. Suas escolhas ou a ausência delas levam você duas alternativas, ou adquire uma assertividade em sua vida ou lastima-se constantemente pelo que os outros fazem e deixam de fazer com você. 

Somos seres únicos. Quando procuramos sair de um estado de conforto, e lança-mo-nos na vida, tornamos o nosso Jardim mais variado, melhor nutrido e independente.
Não que as relações com as outras pessoas sejam de menor importância ou devam ser deixadas de lado, ao revés, quanto melhor você cuida do seu ecossistema interno sem prejudicar o ambiente externo, sem jogar agressividade em local impróprio, sem sujeitar-se a relações que te desnutrem, torna por conseqüência o convívio social cada vez mais fluido e menos cheio de imposições sociais.

Da mesma forma como o agricultor procura conhecer as nuances de cada espécie de animal, fruta, verdura, que é mais adequada àquela região, também devemos manter-mo-nos permanentemente responsáveis pelas escolhas do que deixaremos entrar em nosso mundo interno ou não.

Esse será o espaço com a finalidade de dividir conhecimentos e estudos de outros profissionais que possam auxiliar neste processo de existência harmônica entre o mundo interno e o externo.

Um espaço para compartilhar conhecimentos que podem fazer sentido para você em SEU jardim interno!

Fontes:
Steiner, R. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica.
Editora Antroposófica, 1993